quarta-feira, 31 de julho de 2013

Flor do Leão




Enquanto sentir o peito apertar e os olhos lacrimejar, saberei que há vida correndo em minhas veias. Enquanto o corpo tremer e o chão faltar, haverá um coração que pulsa e anseia pela vida. Enquanto puder sentir o vento aliviar o calor ou trazer a chuva ao meu encontro, serei guerreiro do amor e da paixão. Enquanto puder dobrar o joelho no chão haverá fé. Enquanto puder sentir a seda da pele através de minhas mãos, enxergarei o outro como imagem e semelhança. Mandarei flores aos vivos e lutarei pela tolerância. Enquanto houver alma, gritarei ao mundo que não é porque vivemos em cárcere, ilhados, que nos tornamos superiores, ou muito menos imortais. Quando é que perceberemos que dar as mãos é muito mais que um cumprimento? Quando aprenderemos que é o bom dia que abre para nós as portas do dia? Será que um dia perceberemos que o que deixaremos de legado é o conhecimento, conquistado no aprender e no ensinar? Quando deixaremos que nossos olhos vejam, que fazendo pelo outro, de coração limpo, é a melhor forma de fazermos por nós? Quando perceberemos que nós somos passageiros dessa nave mundo, pequenos grãos de areia que um dia voltará ao pó? Tomara que antes disso, todos percebam que é o amor que nos faz ser vida.



sexta-feira, 26 de julho de 2013

Filhos



Meus filhos quero que corram e tomem banho de chuva, que cheguem em casa sujos de lama. Que chorem, que briguem, que gritem, que façam o mundo girar, que façam de nosso quintal o portal para um novo mundo. Meus filhos quero que respeitem e valorizem o que construímos e, que essa construção seja a base de sua edificação. Meus filhos serão daltônicos para as supostas diferenças empregadas na cor da pele e, a tudo que enoja e envergonha o homem, serão rebeldes sim, reivindicadores do que lhes alimenta, lhes educa, lhes proporcionam saúde e dignidade. Meus filhos seguirão pela vida, descalços da soberba, norteados a seguirem os caminhos da felicidade.

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Guerreiro do Mar



Vou guerrilhar para ser igual ao mar
Que mesmo todos desaguando sobre ele,
 Continua lindo, impecável, feroz, sendo o doce e o amargo.
Assim como o mar faz as águas rolarem, não guardarei as dores,
Nada de ruim parara sobre mim e toda dor em sal se transformará.
A maré enchente trará o que for bom ao meu peito.
A vazante levará as decepções, para que tenha uma esperança azul em meu olhar negro.
Que venham todos a mim nos verões, domingos e feriados, mas que não tragam o encarnado para me olhar.

Estou tentando, mas ainda não sou igual a ele, que toda água limpa, ou suja, barrenta ou incolor acaba sendo transformada em beleza azul.

Roda Gigante


Não há tempo para o arrependimento, mas enquanto houver o amanhecer, haverá o hoje.





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quinta-feira, 25 de julho de 2013

Meu Interior


                                            

Apaguem todas as luzes, façamos um apagão geral.
Agora corra para rua e olhe para o céu, você verá um pouco como é o céu de meu interior - iluminado.
Aqui a mesa é farta, as pessoas emanam carinho, atenção e abraço. A comida é colhida no quintal de casa, durante o dia cuidamos da horta, da plantação, dos animais e corremos com os cachorros pelo campo.
Andar a cavalo e sujar o pé de lama, é um compromisso firmado, só sabe como é bom quem já sentiu o vento no rosto ao galopar.
A casa é pequena, mas o conforto sem tamanho. As paredes são feitas de tijolos, desses que não achamos mais, as telhas em cerâmica e as portas de madeira dividida em duas partes.  Fico horas admirando o desenho do telhado, tendo como pano de fundo o som da natureza que canta lá fora.
À noite sentamos na varanda de casa, um violão, uma cadeira de balanço, vários cantores ao redor, além do café, muitas histórias e sorrisos. Um céu estrelado e uma fogueira para o aquecer da madrugada fria.

Um pouco que é muito, um interior que faz da gente tudo. 

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quarta-feira, 24 de julho de 2013

Eu e o Mar



É comum que às vezes eu busque caminhar ao lado do mar, fico parado olhando como ele brinca com sigo próprio, enquanto uma onda se joga na areia, outra já se forma, vem feroz e ambas se batem, e rolam, brincam por horas, o que se vê é um sorriso branco em forma de espuma. Lá no fundo tento fazer como ele, me jogar, rir de mim mesmo, rolar e seguir.
O contato com a areia e com a água fria me liberta de varias angustias, me fazem pensar.
A brisa que sopra toca como um afago na alma.
O sal que é depositado sopre minha pele, desperta o desejo de sentir a mim mesmo, às vezes esquecemos, de como isso faz bem, ignoramos cada palavra que dizemos a nós mesmos.
O mergulho molha a pele seca pelo sol, ela se renova, enfrenta-o de novo e se veste de dourado.

É impossível não beber do mar, sabendo de todo o bem que ele me faz. 

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terça-feira, 23 de julho de 2013

Fotos



                                                                  

Hoje abri uma gaveta e, lá estavam fotos minhas, que na verdade nem lembrava que as tinha e, como foi bom tê-las guardado.
Revi pessoas que passaram em minha vida, pessoas que deixaram um pouco de sua felicidade para dar caminho a minha.
Meus olhos iluminaram-se por algumas vezes, percebi ali como uma imagem registrada, poderia nos levar a outro mundo, ou regressar ao inicio desse mundo.
Incrível como aqueles sorrisos ainda estavam vivos em mim, como aqueles abraços ainda me faziam sentir as pessoas próximas a mim. Como as palavras ditas, ainda soaram aqui ao meu ouvido.

Sorri, chorei, relembrei. Percebi que cada registro iluminado por meu olhar, era a certeza de que tudo que vivi até aqui, valeu a pena.

Partida


segunda-feira, 22 de julho de 2013

Além dos Trilhos




Nós nos reuníamos à beira da linha férrea e, ficávamos até a madrugada esfriar, ou até que os nossos gritassem por cada um.  
Contávamos historias, riamos do dia, das coisas do passado, das aventuras que cada um havia vivido, compartilhávamos o pão, cada um buscava algo, era festa.
Tínhamos pouco diante do olhar de uma sociedade que segrega, pela cor, pela casa, pela roupa, pela rua em que você mora, te avalia tal como o ouro, mas tínhamos algo que nem o ouro, nem a mais pura prata poderiam pagar; a simplicidade e, a pureza nos olhos de quem começará a enxergar o mundo como ele é.
Foram naquelas madrugadas que aprendemos a não ser indiferentes com as dores de quem não poderiam pagar, com a dificuldade de quem não pode aprender, com a fome de quem não poderia comprar e com o holocausto da vida dos mais humilde.
Naquelas madrugadas que começara a entender, que cada um sua igual, chora igual e quando sangra, sangra da mesma forma.
Ali aprendi que quando somos retos sofremos, padecemos, mas vencemos, não diante dos olhos alheios, mais diante dos nossos espelhos que reflete uma face limpa, sem marcas ou sujeira alguma.
Ali também aprendi que o abraço protege de muito mais e, não apenas do frio, ele divide, conforta, alivia e acima de tudo nos abençoa.


Gran Nada!




Espero que um dia você perdoe minha insensatez. Talvez você consiga perceber que a fortaleza que construí, criei pensando em minha defesa, estava cansado de ver meus sentimentos serem levados por quem descobria o quanto eles faziam bem.
As pessoas levaram pedaços de mim, algo precisava ser feito, resolvi então fazer guerra, criei trincheiras e me dediquei à defesa.
Você conseguiu vencer todos os mecanismos de defesa que construí. Aos poucos as detonações soavam mais próximas de mim, sentia minha alma tremer e, feroz ela buscava mais defesa, mas contra você nada funcionou; você foi indefensável. A essa altura meu coração já era seu, se rendeu.
Você chegou ferida, machucada. Cada trincheira que você ultrapassava pedaços de sua obstinação ficava pelo caminho, olhou em meus olhos e suave falou: “sem amor não há vida”.
Hoje aqui estou sem forças, para levantar um grão de pólvora se quer, de punhos abertos, de alma limpa e iluminada pela luz de seu olhar.
Peço a Deus que você tenha levado um pouco de meu coração e, que unido ao seu, ele faça você perceber que sua missão não era apenas de me desarmar.

Sei o quanto você esta ferida e, como gostaria de retribuir o que você fez por mim, mesmo que depois você seguisse sua nobre jornada, de libertar os homens de suas prisões.

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Ideal




O amor se apresenta de varias formas;
O amor irracional, que nos faz enfrentar o mundo. Muitas vezes enfrentamos a nós mesmos para vivê-lo.
O amor solitário, doloroso e que vivemos a um. A quem diga que ele nem é amor, mas maltrata tal como.
O amor apaixonado, que nos faz mover céu e mar para tê-lo conosco.
O amor sereno, que queremos para vida toda, esse amor é o que tenho vivo diariamente ao seu lado.
Um amor que me fez dedicar o melhor e o pior de mim, sem medo, sem mascaras.
Um amor que se faz presente desde o olhar de nossos filhos, ao carinho como que te cubro nas noites frias.
Um amor que nos faz enxergar nossos defeitos e, quanto mais enxergamos mais nos amamos.

Um amor que tem me ensinado valores que nunca pensei existir. Um amor que não cabe apenas em uma única vida, ele transcenderá pelo menos em mais cem.

Amigos




O amigo verdadeiro sabe quando o silêncio é a melhor palavra, ele ri, chora, cala, fala, grita junto.
Os meus amigos verdadeiros seguem seus caminhos, mas nunca esquecem o caminho de volta, estão sempre juntos, presentes na saudade que aperta, machuca, mas faz seguir.
Os meus amigos trago em minhas lembranças, nas tantas risadas, que muitas vezes só nós sabíamos do que estávamos rindo.
Os amigos de verdade entram sem bater, se acomodam e trazem consigo uma certeza de que já nos conhecíamos de outras vidas.
Eles aparecem do nada, geralmente quando mais precisamos, naqueles dias tristes, chatos, solitários que todo mundo tem. Trazem a leveza, os sorrisos e tudo muda.
Os meus amigos de verdade ouvem no tom de minha voz o que senti minha alma, a esses amigos que quero dedicar o brilho de meu olhar, que nada mais é do que a força que me faz seguir.



Correntes


quarta-feira, 17 de julho de 2013

Ao Meu Amor



O meu amor, hoje mais calmo, aprendeu a ser seu.
Descobriu que é em seus braços que a calmaria me toma, é em seus seios que minha metade se encaixa, é sob sua respiração sufocante ou não, que encontro meu lugar no mundo.
Aprendeu a respirar devagar, para que o tempo passe vagarosamente, não há mais porque correr nas ruas, nos parques, nas praias, nas festas, você já me encontrou , chegou e se instalou e, desde então andando juntos ou não, estamos sempre ligados.
Ligados pelo cheiro que parece ser infectante, tal como o gosto que fica na boca.
Ligados pelas marcas deixadas no corpo e, que só nós percebemos. Marcas que se faz forte, parecendo pegadas deixadas na areia molhada, marcas que transbordam cumplicidade, companheirismo, sinceridade e carinho.
Meu coração desde então vive acelerado, sempre organizado. A cada saída sua ele arruma tudo, parece que a cada volta sua é uma nova chegada. Ele até que tentou ser forte, mais você chegou se instalou e fim.

terça-feira, 16 de julho de 2013

LIVRE




Ser livre é poder voar junto, mesmo sabendo que podemos mudar o curso da historia a hora que quisermos.
Ser livre não é morar sozinho e sim ter as chaves da porta. Podendo sair e escolher se volta ou não
Ser Livre é poder compartilhar sonhos, mesmo aqueles que parecem impossíveis.
Ser livre é poder ver, ou viver a vida ao lado de quem amamos, sendo personagem da historia ou um mero espectador. A escolha é você quem faz.
Ser livre é saber que temos as chaves de casa, tendo em nós a certeza, que mesmo quando fechada por alguém, você poderá abri-la e entrar, sendo sempre bem vindo.
Ser livre é poder sorrir sem medo.

Ser livre é acordar despido de personagens, sedo apenas você e os seus.


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Pular Sem Paraquedas

     

Quando a gente entende essa expressão, rapidamente, poucas pessoas são projetadas em nossa retina, poucas circunstâncias nos leva a fazer essa ação que para algumas pessoas é loucura, fato normal diante das escolhas e das seleções que a vida faz.
E o que nos faz pular sem Paraquedas?
Pulamos sem paraquedas quando sabemos que há confiança, cumplicidade, aquela que os olhos falam por si, a voz denuncia se esta tudo bem, quando as entrelinhas falam mais.
Pularia sem paraquedas aos sentimentos verdadeiros, mesmo quando sabemos dos riscos de como vidro nos quebrarmos, mas viver para que?
Pulo sem paraquedas quando o olho brilha e a força se constrói.
Pulo sem paraquedas quando o coração apertado, se faz pequenino diante da tristeza, nessas horas queremos um abraço, desses que nos afasta do mundo, poucas palavras e carinho.
Pulo sem paraquedas quando o sol brilha, o dia sorri o celular toca, e os amigos nos arrastam para rua, mesmo nos dias não tão favoráveis, afinal é preciso aproveitar e, construir os momentos, que levaremos para toda a vida.
Pulo sem paraquedas quando as palavras me pegam e, me fazem escrever o quando a vida é gentil e companheira desse coração guerreiro que nunca cansa, ou pelo menos tenta.


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segunda-feira, 15 de julho de 2013

Diamante!




Às vezes me pergunto onde tudo isso vai parar. Falo das cobranças que fazemos a nós mesmos - claro que tudo isso é o resultado de como fomos impressos até aqui. Lembro a você, desde já, que aqui é simplesmente um novo ponto de partida. É exatamente nesse recomeço que a vida se joga sobre nós de forma avassaladora, impiedosa, e essa é a magia de tudo, é nesse momento que vemos vários filmes passando aos galopes por nosso olhar, fazendo com que ele se refaça, trazendo consigo um novo sorriso, novos medos, desafios  e batalhas. A vida é cíclica meu amigo (a), entender isso é o mesmo que transformar o quintal de sua vida em uma mina de diamantes, caso contrário, ficaremos suspensos, parados, esquecidos e com os sonhos estagnados nas pontas dos dedos, quando riscarmos o vidro não o cortaremos, apenas o rabiscaremos de preto.

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Caminhos e Caminhadas




As pedras com que nos deparamos em nossa estrada, servem para que consigamos encontrar nosso equilíbrio, quantas vezes ameaçamos desabar e meio aos tremores e, ao solo irregular conseguimos a travessia, sei que de tão difícil muita gente desiste, mas é possível fazer das pedras seu alicerce.
A poeira que entra em nossos olhos é para que aprendamos, mesmo sem enxergar, a tomar as decisões corretas, essa foi à forma que o universo encontrou para que saibamos a importância de ouvimos nossos corações, mesmo cegos pela poeira suspensa pelos problemas.
A chuva, essa benção vem e lava, limpa, purifica nossas almas, traz consigo a renovação e, de onde nunca se espera, brota a vida renovada, linda e sorridente.
O sol vem para nos dizer, incessantemente, que somos iguais e nem mesmo ele com sua magnitude segrega ser algum.
A estrada longa servirá como teste para nossa paciência e perseverança, afinal todos nós caminhamos e enxergamos o horizonte, mas não sabemos ao certo o que nos espera a frente. Um recado claro e direto da vida, nos dizendo que devemos viver os dias e, só assim sairemos do lugar, haja vista, que a cada curva nos deparamos com o novo, certamente será a experiência que você vive diariamente, que te tornará pronto (a) para seguir.
O que de tudo é esplendoroso, é a capacidade que todos nós temos de construirmos a cada gesto, essa estrada que seguiremos, semeando e plantando, trazendo para junto de nós pessoas que queiram caminhar conosco. Acredito que o que todos queremos, é um dia sentarmos à sombra de uma dessas árvores frondosas que plantamos e contar aos nossos, um pouco de como caminhamos e de como coseguimos chegar ate ali.   

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sexta-feira, 12 de julho de 2013

Janela

                                                                          


Hoje acordei e mais uma vez abri minha janela, meu quarto é nascente quarto andar, como faço todos os dias, curto a imagem desse ponto pela amplitude que ele proporciona, não é praia, a visão não é infinita, mas minha janela é minha máquina do tempo, donde as vezes, quase sempre, converso com Deus, agradeço pela permissão abençoada de abrir essa janela a cada amanhecer, sentir o sol ou observar como a chuva vem aos poucos tomando toda a cidade, dai vejo como somos pequenos diante dessa força que ilumina ou que escurece, que nos faz dormir e acordar, que nos dá a força necessária para seguir na estrada que escolhemos caminhar, estrada que muitas vezes complicamos, nos preocupamos com coisas banais, nos desesperamos pelo nada, desconstruindo o que realmente importa, o carinho, a atenção de quem nos ama. Esquecemos, por exemplo, que componentes essenciais a vida são gratuitos, o sol, o ar, a chuva, portanto observe melhor o que sua janela tem te proporcionado, o que Deus tem tentando te dizer e você não o deixa falar, não o escuta, não observa e nem mesmo suas próprias palavras você consegue traduzir, você fala, tenta seguir o que disse e não consegue. todos nós temos problemas, dificuldades, sucesso, perdas, conquistas. Nos permitir viver cada experiência dessas fases será o caminho, não dá para pularmos as fases, como seria um livro se só existisse o inicio e o fim? Como começar na pre-escola e pular para a faculdade? Difícil né? Sim seria, de modo que, devemos viver e entender cada dia, nos preparando para receber o que cada janela que abrirmos nos oferecer, traduzindo-as, respirando-as. Assim construiremos nossos castelos.  

Meu Universo


Meu universo é esse de cores, de luz de som, de palavras, de pele e amor.
Um universo urbano e de coração do campo, que sabe que a terra racha de inverno a verão e, há tantas  décadas é assim, seu Luiz já cantava isso, já se falava em mudar isso, mas não, a moeda de troca não se perde assim fácil não.
Um universo que enxerga o bem pelo bem, que ri, que chora, que sente saudade, que de tão forte as vezes percebe o abraço de quem ficou, de quem não quis ficar, de quem se foi e de quem guardo para construção de tudo.
Um universo de acordar cedo, de correr para pegar essa locomotiva viva, que muitas vezes não seguimos seu ritmo e, deixamos de viver o que realmente importa, mesmo quando o que importa esbarra sobre nós, nos derruba, nos afronta.
Meu universo é esse de hoje, carregado, transbordando o ontem, ansioso pelo amanhã e VIVENDO o agora.

Mato e Chão!



O caminho de chão batido era longo, tal como falávamos lá na fazenda; longo e de estrada de barro. Mas sob o sol ou sob a chuva era necessário ir, éramos sete, e o alimento precisava vir.   
Hoje sei que a força estava além do olhar de esperança, estava nos braços, nas pernas, na fala apressada, nos olhos de vida.
Uma força que transgredia cada pensamento meu, cada sonho que povoava meus dias.
Tentava entender a origem de tanta força, hoje sei que estava no cheiro do mato, na terra fértil, na rama sinalizadora do alimento, na cesta cheia, no saco de pão. 
A natureza era  a cura de tudo, era a fonte de energia e de esperança por uma vida melhor.
O engraçado era a saudade que o dia empregava a mim e meus irmãos, ficávamos observando a curva da rua, a espera de que eles aparecessem.
O inicio de vida de pés no chão,  imprimiu tanto sobre o que tenho e sou hoje, um mundo que já se apresentava além do campo de futebol, ia além da escola e da igrejinha a beira do rio, ia além da corrida desenfreada em uma disputa de quem chegaria primeiro no leito do rio caçamba. 
Em cada canto a vida gritava sua multiplicidade, e hoje sei que foi a forma de construção de cada palavra que escrevo hoje, a construção de como vejo o mundo, foi a forma que a vida encontrou de dizer: vai, você esta preparado para me encontrar e descobrir quem sou eu de verdade, de viver amores, de viver sonhos, de ser mais feliz.


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Luz!!


quinta-feira, 11 de julho de 2013

Desafio




O desafio e conseguir dosar esse amor, que faz o chão que piso ruir.
O desafio é não te sufocar com minha presença, com minha pressa, apressado em sentir teu cheiro, em tocar sua pele em seda que embala cada parte da minha. 
O desafio é tentar dormir, afinal já te vejo linda, como você é de verdade todos os dias e a qualquer hora.
O desafio é fazer meu coração locomotivo, ouvir e entender que você é minha, que esse amor é o que é, porque foi concebido a dois e por isso é amor.
A vida a cada dia nos dá uma resposta, a cada segundo nos afirma o caminho que devemos seguir.
Caminhar com esse sentimento arraigado no peito tem me feito melhor, tem mostrado a mim que sou eu. Alguém capaz de amar, capaz de te amar.
Certo dia me perguntei os motivos, dentre eles você era a parte boa, que neste momento completa o fim, mas que esta em todas as etapas.

Então meu desafio continua sendo te amar a cada dia, te amar na parte que me cabe, te amar na proporção que me cabe, te amar ma proporção que nos faz felizes.

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Meu Deus


Falar com Deus é estar pronto para ouvir as respostas que ele nos envia através do vento, do sol das águas, é sentir essa força que nos embala em emoções e, tantas vezes lava nossa face, desfazendo os nós que  nos sufoca.
Falar com Deus é sentir as asas de seus anjos, soprarem em nossa face, anunciando a proteção, a libertação dos medos, das angustias, da apreensão que tentam nos prender. Por mais barreiras que enfrentemos em nossa caminhada, Deus nos capacita a vencê-las. 
Quantas vezes você já se pegou perguntando de onde vem essa força, que te faz enfrentar tantos problemas, que não permite que você desista, quantas vezes não nos pegamos repetindo a frase "senhor me dai forças" e ele dá, ele abençoa, fortalece e equilibra. 
O que eu, você e todos nós, um dia descobrimos, é que é a fé, que causa tudo isso e, que Deus esta em cada um de nós guardado e, cabe a você despertá-lo e mostrar ao mundo o Deus que você tem.

A Fé é mais, e sempre será muito mais do que imaginamos em nossa tão rápida existência.

terça-feira, 9 de julho de 2013

Sonhos!!


Força!!


Renascer!!


Caminhos de Fé!



As lembranças brotam em minha memória, como água límpida das nascentes,  saltam de meus dedos, ouço o barulho do caminhão, o cheiro do lenço que minha mãe levara amarrado a cabeça, vez em quando as pontas do lenço caiam sobre meus ombros, eu os pegava e enrolava o pescoço com a intenção de proteger minha garganta. Sentado ao seu lado, eu buscava de alguma forma me aquecer do frio que assolava aquela noite de primavera.
----No sertão é assim ,dias de calor sem fim, e noites de frio que parece não ter fim ---- Minha mãe afirmava.
Viajava além do que meus olhos viam nas estradas escuras, eu só retornava ao caminhão, quando o frio fazia meu queixo bater, minha mãe me abraçava e me aquecia com seu sorriso feliz, impar e inexplicável, pela milésima vez ela viajaria a Juazeiro do Norte- Ceara, mas sua empolgação convencia a todos que, aquela era sua primeira viagem.
----Juazeiro é terra santa e a casa de meu Padrinho Padre Cícero ---- Dizia D. Sebastiana.
Minha mãe viajava sempre com as mesmas amigas,  D. Sebastiana era uma das mais fervorosas, ela quem organizava a viagem, alugava o caminhão, combinava valor dos motoristas, acertava a dormida e o rancho - nome que elas davam as pousadas onde se hospedavam.
Devotas e donas de uma fé inabalável,  para mim estava sendo uma experiência incrível, viajar imerso aquele universo particular.  
Os benditos a Padre Cícero entoavam durante toda viagem, entre um cochilo e outro as vozes agudas iam se instalando em minha memória, "bendito e louvado seja, a luz que mais alumeia, valei-me meu Padrinho Cícero e Mãe de Deus das Candeias", era um dos que mais seria cantado durante toda a viagem. 
Noite e dia se confundiam tamanho desconforto da viagem naquele pau de arara, o conforto se fazia presente diante da admiração diante da fé das pessoas que ali viajavam. 
A cada quilometro que rodávamos meus olhos eram inundados por uma realidade desconhecida. Dezenas de povoados surgiam a beira da estrada. Umas casas eram de taipa, outras de tijolos de alvenaria, parte das casas com reboco e pintura desgastada, outra parte com tijolos a vista, todas com portas divididas ao meio, com a tinta azul já escassa, a parte de cima das portas estavam abertas com as pessoas debruçadas observando o barulho dos caminhões que passavam em comboio. Cada casa tinha seu terreno dividido por pedaços de madeira finos, tão juntos que não passava um suspiro de vento, a maioria arrodeadas de plantação de palmas.
---- Mãe como essas pessoas sobrevivem em meio a essa secura toda?
---- A vida sempre dá um jeito meu filho-- Respondia minha mãe. Terra que de tão seca rachava num pedido de socorro aos céus, para mim quase sem verde, aparentemente sem vida. Quanto mais mim perguntava mais a vida abria aquelas janelinhas de madeira pintadas de azul, casas  recheadas de acenos, sorrisos e olhinhos iluminados, os mesmos olhinhos que hora acenavam, hora corriam atrás do caminhão a fim de vender umbu na beira das rodovias, que em forma de serpentes infinitas, tremulava minha visão ao exalar aquele calor escaldante. Além das palmas enxergávamos em meio ao campo seco, arvores verdes imponentes, eram os imbuzeiros que socorre as famílias com seus frutos e geram renda. em uma das paradas do caminham havia uma mãe com seus quatro filhos.
---- Meu marido morreu tem 2 anos, e desde então vendo umbo nesse ponto. Dona Filó nos contou que vende para sustentar seus filhos, que vão a escola, e quando podem ajudam a mãe no ponto de venda.
---- Quando a vendagem é boa compro açúcar e faço doce de umbu, ai ganho mais um dinheirinho, é assim que compro comida e o que posso para meus meninos, quero que eles estudem para arrumar um trabalho na cidade, eu já estou com a vida sem jeito, mas eles quero que vivam uma vida melhor.
As palavras de D. Filó me calaram, meus olhos encheram de lágrimas, suas palavras ressoariam durante toda a nossa viagem, ela estaria em meus pedidos a Padre Cícero por melhores condições de vida aos meus e para ela. 
Um de meus cochilos seria interrompido pelo buzinaço dos caminhões, além dos estouros dos fogos de artifício, era o aviso sonoro de nossa chegada. Dona Maria das Dores, ou simplesmente Dasdores, já nos aguardava. Vestida com um vestido de chita floral, arrastava seu chinelo e sorria feliz a nos recepcionar, antiga conhecida de minha mãe e de D. Sebastiana, era em seu rancho que elas se hospedavam sempre que viajavam ao Juazeiro, em minutos estávamos arranchados, expressão que os Romeiros usavam naqueles tempos.
Começaria então a Romaria propriamente dita, as visitas ao Horto, as Igrejas, a cidade e suas feiras. Milhares de pessoas se apertavam e aos prantos rezavam agradecidas pelos milagres, pela vida, de tudo, lembro muito da confusão de rostos, os mesmos que nos acompanharam durante toda a viagem, abrindo as janelinhas de madeira, vi pelas ruas os mesmos rostos que vendiam umbu e que corriam atras do caminhão. 

Assim começa a Locomotiva da Vida