segunda-feira, 22 de julho de 2013

Além dos Trilhos




Nós nos reuníamos à beira da linha férrea e, ficávamos até a madrugada esfriar, ou até que os nossos gritassem por cada um.  
Contávamos historias, riamos do dia, das coisas do passado, das aventuras que cada um havia vivido, compartilhávamos o pão, cada um buscava algo, era festa.
Tínhamos pouco diante do olhar de uma sociedade que segrega, pela cor, pela casa, pela roupa, pela rua em que você mora, te avalia tal como o ouro, mas tínhamos algo que nem o ouro, nem a mais pura prata poderiam pagar; a simplicidade e, a pureza nos olhos de quem começará a enxergar o mundo como ele é.
Foram naquelas madrugadas que aprendemos a não ser indiferentes com as dores de quem não poderiam pagar, com a dificuldade de quem não pode aprender, com a fome de quem não poderia comprar e com o holocausto da vida dos mais humilde.
Naquelas madrugadas que começara a entender, que cada um sua igual, chora igual e quando sangra, sangra da mesma forma.
Ali aprendi que quando somos retos sofremos, padecemos, mas vencemos, não diante dos olhos alheios, mais diante dos nossos espelhos que reflete uma face limpa, sem marcas ou sujeira alguma.
Ali também aprendi que o abraço protege de muito mais e, não apenas do frio, ele divide, conforta, alivia e acima de tudo nos abençoa.


Nenhum comentário:

Postar um comentário