Nós nos reuníamos à beira da
linha férrea e, ficávamos até a madrugada esfriar, ou até que os nossos gritassem
por cada um.
Contávamos historias,
riamos do dia, das coisas do passado, das aventuras que cada um havia vivido, compartilhávamos
o pão, cada um buscava algo, era festa.
Tínhamos pouco diante do olhar de
uma sociedade que segrega, pela cor, pela casa, pela roupa, pela rua em que você
mora, te avalia tal como o ouro, mas tínhamos algo que nem o ouro, nem a mais
pura prata poderiam pagar; a simplicidade e, a pureza nos olhos de quem começará a enxergar
o mundo como ele é.
Foram naquelas madrugadas que
aprendemos a não ser indiferentes com as dores de quem não poderiam pagar, com
a dificuldade de quem não pode aprender, com a fome de quem não poderia comprar
e com o holocausto da vida dos mais humilde.
Naquelas madrugadas que começara
a entender, que cada um sua igual, chora igual e quando sangra, sangra da mesma
forma.
Ali aprendi que quando somos
retos sofremos, padecemos, mas vencemos, não diante dos olhos alheios, mais
diante dos nossos espelhos que reflete uma face limpa, sem marcas ou sujeira
alguma.
Ali também aprendi que o abraço
protege de muito mais e, não apenas do frio, ele divide, conforta, alivia e
acima de tudo nos abençoa.

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