terça-feira, 13 de agosto de 2013

O Homem da Praia

                                                           
Seu nome é Antônio, mas poderia ser Jose, Maria ou tantos outros que fazem de nossa gente o que ela é.  Trazia sobre a cabeça um chapéu, na mão um fogareiro improvisado, feito de arame e panela. Seu Antonio acende o carvão e começa a caminhada pela areia e, assim já se vão mais de 20 anos, acendendo o sol e iluminando quem tem o privilegio de dividir com ele suas historias, que nascem de uma voz baixa e educada.  Foram alguns longos minutos de vida traduzida em cada gesto. Sob cada historia surgia uma oportunidade de entender o que realmente vale a pena, mas sobre tudo que as pessoas ainda valem a pena, que nem todos se perderam no emaranhado da ganância e do desamor, ainda existem pessoas de verdade, pessoas que carregam a sensibilidade na luz dos olhos e nas pontas dos dedos.  O que os Antônios vivem nos barracos improvisados, no desbravamento de áreas aparentemente inabitáveis, nas construções de palha e tapume, barro e sisal, não lhes tira o brilho da vida, da esperança, mas lhes ensina a dignidade trazida no sorriso e na luz do olhar. Aprendemos com seu Antonio que para começarmos a ser felizes, temos que começar a ser quem somos, que não há dificuldade invencível, não há noite sem dia, não há choro sem sorriso não há escuridão sem luz.

Um comentário:

  1. Você fez essa moça aqui chorar. Pela primeira vez estou lendo as suas palavras e revendo a cena. Hoje descobri a tamanha sensibilidade que tem ao escrever. Espero que você nunca deixe de escrever, nunca deixe de repartir com os ausentes momentos tão lindo. Meu muito obrigada! Nunca vou esquecer o olhar daquele senhor que em poucos momentos ensinou tanto.

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